Saturday, December 13, 2008

Colcha de Retalhos


Tudo na vida se dá aos poucos e requer continuidade. Quando não continuamos, perdemos. Quando perdemos, desistimos um pouco de nós no outro. Cuidar para não ser esquecido nos que te amam é o maior desafio.
Todos nós frustramos o amor projetado em nós. Muitas vezes fazemos do outro, vítima do nosso amor, ou do nosso desamor. Muitas vezes o olhar do outro sobre nós é tão- somente o reflexo de muita dor contida, de muita expectativa projetada.
É preciso ter cuidado com as certezas, com as opiniões fechadas. O ser humano é infinito demais para caber em um conceito como : - Pedro é egoísta. Joana é fria e calculista. Bruno é orgulhoso e maldoso. O ser vai muito além disso e muitas vezes está cheio de pérolas escondidas.
Não acredito em amor que não busca compreender, em amor que não perdoa e que tira conclusões precipitadas. Acredito no amor que demora, que requer continuidade e olhar, e se preciso for, que muda o olhar para poder sobreviver.
Olhar para o que precisa ser visto e desviar o olho quando o que se vê é infinitamente doloroso faz parte da dinâmica emocional do ser humano. Por diversas vezes o que vc vê de ruim no outro é apenas fruto da sua breviedade em seu olhar. Muitas vezes é fruto da mesquinharia em olhar apenas o que machuca, o que interessa.
Tem pessoas que nos encolhem quando olham pra nós. Outras nos ampliam. É tudo uma questão de processos íntimos, de sabedoria, de desejo.
Amizades sofrem ciclos, assim como qualquer relaçaõ onde exista movimento.
No entanto, por vezes perdemos amigos verdadeiros por não compreendermos o novo ciclo, por entender o ciclo como abandono e não como mudança de fase, de paradigmas, de necessidades.
Pessoas que consumam atitudes em adjetivos são pessoas perigosas. Cuidam somente quando existe interesse latente, e quando esses interesses não são devidamente atendidos, pisam no amor dos outros.
Interpretações, conceitos, possibilidades. Constructos acerca do que o outro é. Quantas vezes nos enganamos, quantas vezes somos falhos e taxativos. Quanta frieza possuímos pois somos muito pouco misericordiosos. Somos pouco amantes dos outros. Somos juízes nas relações.
Relações são colcha de retalhos ... não são tecidos novos e perfeitos.
Pena que ainda vivemos no paraíso perdido de Proust.

3 comments:

Anonymous said...

Grazi, poucas vezes li tamanha sensatez. Eu me senti ali. A humanidade se sente ali. É mesmo vergonhoso o apontador do outro. O resumo de um ser infinito e mutável por um momento. Nem sei se atitudes devem ser reprováveis, o que dirá a personificação dela. Tudo é justificável pois o extruturalismo já morreu há algum tempo, não sei se para renascer depois. Só sei que cada um de nós sofre de uma doença chamada "juizite" (juiz do outro,apenas do outro), que é infecciosa e se expande por canudos , em segredo, de homem pra homem, assim como a peste negra que dizimou um terço da população Européia, mas "juizite" é muito pior pq não mata, suicida. Beijos querida. Parabéns!!
Gabriela

Anonymous said...

Grazi,

Minha doce grazi,quanta sapiência...
Concordo com você,O amor é muito mais que isso.
As pessoas antes de amar,deveriam entender de fato o que é amor...o quão é grandioso...sublime...
o amor,em todas as suas formas.

gosto de ti,viu?!

Adrianinha!

Níblia Soares said...

Oi gente, estou voltando a postar! Espero voltar a trocar idéias com vocês. Demorei muito a voltar porque com 3 é bem diferente... rsrsrsrsrs
Beijocas,
Níblia, Larissa, Nicolas e Henrique
www.niblia.blogspot.com