Saturday, August 30, 2008

tristeza dos olhos


A tristeza das pessoas está nos olhos.
Num olhar cansado e distante.
Num sorriso forçado e sem viço.
Numa palavra que escapa falando do sofrimento vivido.
As pessoas estão nos olhos da tristeza.
Tristeza que se esconde. Que agride a quem olha com amor. Tristeza que geme calada.
Ser triste na dor de quem é triste na vida. Olhar o outro como se ele tivesse direito a sofrer, a falar, a gemer, a chorar, a ser.
Ser sem cobranças. Sem reclamos de perfeição.
Apenas existir em si mesmo sem a sombra de quem já cresceu.
É difícil crescer. Não exija de uma criança que não chore.
Não exija de um adulto ser forte o tempo todo.
Permita que o outro chore e viva ...
e sobreviva em si para si.

mundo sem amor.


Hoje tive vontade de ir embora daqui e voltar para o meu mundo. Meu mundo bom. Onde os sentimentos fazem sentido. Onde a dor é uma estranha. Onde a vida de dentro se desvela.
Onde criança é criança, e não sofre a dor de quem já está pronto para sofrer.
Onde os animais são amados em sua inocência e não desconsiderados.
Onde as aparências são apenas o que se pode ver e não o que se é.
Onde o amor é livre e sem amarras. Onde ele não faz penar, nem gemer.
Onde Deus vive ... onde a vida sobrepuja.
Vou voltar ... não quero mais viver num mundo sem amor.

Sunday, August 24, 2008

Aonde Deus possa me ouvir


Onde Deus possa me ouvir

Sabe o que eu queria agora, meu bem...?
Sair chegar lá fora e encontrar alguém
Que não me dissesse nada
Não me perguntasse nada também
Que me oferecesse um colo ou um ombro
Onde eu desaguasse todo desegano
Mas a vida anda louca
As pessoas andam tristes
Meus amigos são amigos de ninguém.

Sabe o que eu mais quero agora, meu amor?
Morar no interior do meu interior
Pra entender porque se agridem
Se empurram pro abismo
Se debatem, se combatem sem saber

Meu amor...
Deixa eu chorar até cansar
Me leve pra qualquer lugar
Aonde Deus possa me ouvir
Minha dor...
Eu não consigo compreender
Eu quero algo pra beber
Me deixe aqui pode sair.

Adeus...

Estou apaixonada por essa canção. Ela retrata momentos nossos da mais íntima solidão. Uma solidão sadia que nos leva ao mais alto.
Experimentamos a solidão desde que saímos do útero materno e ela se estende até o dia em que fechamos os olhos para este mundo. No entanto, têm pessoas que parecem tornar a solidão de existir mais branda, mais suportável.
Essas pessoas são dependentes do nosso amor para acolhê-las em nosso ninho.
Pessoas raras, mas que são tão vivas em amor, que o mundo delas parece escapar a um olhar menos atento.
Pessoas que já perpassaram solidões tão agonizantes que já sabem procurar Deus.
Certa vez Chico Xavier perguntou a Emmanuel porque as pessoas não acreditavam em Deus, e Emmanuel sem titubear, respondeu : - Porque elas ainda não sofreram o bastante.
Acho que essa fala sintetiza o que é viver.

Monday, August 18, 2008

Frio


Hoje acordei com tanto frio ... pus tantos cobertores, mas nada parecia aliviar. Era um frio de dentro, por dentro, para dentro, - de mim.
Têm dias que são de frio mesmo. Dias em que o abatimento do coração se faz perceber, e as sensações, e os sentidos, são mais indefesos. Onde não há como se proteger do que dói e lateja, e cresce, partindo-se em nós.
Indo embora de leve,a vida se espalha por entre nossas agruras mais íntimas. E a continuidade do que é vão, quando vai embora, também maltrata.
Maltrato do sentir que nos devolve ao que é frágil. Ao que toca, sem fazer-se um presente. Ao que é ausente e anestésico. Ao que foi terminação nervosa.
A vida e suas idiossincrasias que nos transcendem ...

Monday, August 11, 2008

Quero voltar.


''Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada''
Clarice Lispector

Essa frase de Clarice nos retrata todo o cansaço do mundo, de ser gente - de ser humano.
Estou mesmo cansada de estar aqui. Quero voltar pra casa. Saudades de Deus, talvez. Saudades do mundo do meu coração.
Tem sido difícil me adaptar aqui. Tem sido penoso existir.
Nesse mundo de fantasia ...

Thursday, August 07, 2008

De repente!


De repente ... um vazio.
Saudades de uma mão. De um olhar cúmplice. De um abraço.
Saudades de mim, talvez. Saudades do que nunca pude ser para alguém.
Saudades de partir sem partir-se. De despedaçar, sem despedaçar-se.
De ser humano sem desumanizar.
Oco. Sem eco. Sem brilho.
Solidão que desarma. Que faz ir ao encontro ...
Pessoas sós demais. Pessoas tão circundantes que não saem de si.
Um momento de transição. Não minto quando digo que conheci muitas pessoas iguais.
O igual por vezes é o que nos faz ser diferente. Porque é insuportável sentir igual.
Sentir a indiferença de quem ainda não sabe nada sobre o amor ...
Graças a Deus, a vida é eterna ...

Tuesday, August 05, 2008

Meu bichinho bonzinho.


Recebi uma notícia que me levou para outro pensamento. Os acontecimentos da vida sempre nos fazem repensar tudo.
O cachorro de uma amiga aqui do prédio morreu, estava com 10 anos, a idade que Hully fará em outubro.
Essa notícia fez com que eu me esbarrasse na possibilidade de viver sem Hully. A partir desta possibilidade, o pranto se estendeu em meu coração.
Logo vc, Hully, uma relação de verdadeiro amor ... de tanto cuidado e compreensão.
Logo vc, que viveu comigo minhas piores fases, minhas piores dores, minhas torrentes de dor que mais se demoraram ...
Vc que sempre me olhou como niguém conseguiu até hj. Vc que conhece minhas doenças de ser humano falho ...
Vc que eu amei desde a primeira vez que te vi ...
Vc sempre foi tão forte ... até hj nunca adoeceu ... acho que é porque vc tem tanto amor, que não há espaço pra raiva, nem ressentimento, nem nada que faz, nós humanos, nos destruirmos.
Vc é amor puro em forma de bichinho.
Bichinho bonzinho, como te chamo, que Deus mandou especialmente pra mim, para que vc me curasse da dor de existir sozinha.
Obrigada meu anjo bom, que Deus possa ser misericordioso comigo e permitir que vc fique mais tempo aqui, me ajudando a ser feliz, a não desistir ... do amor.
Amo vc mais que tudo nesse mundo.

Sunday, August 03, 2008

Minha herança : uma flor


Minha herança : uma flor

Achei você no meu jardim
Entristecido
Coração partido
Bichinho arredio

Peguei você pra mim
Como a um bandido
Cheio de vícios
E fiz assim, fiz assim

Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei

Fiz tudo, todo meu destino
Eu dividi, ensinei de pouquinho
Gostar de si, ter esperança e persistência
Sempre

A minha herança pra você
É uma flor com um sino, uma canção
Um sonho em uma árvore ou uma pedra
Eu deixarei

A minha herança pra você
É o amor capaz de fazê-lo tranqüilo
Pleno, reconhecendo o mundo
O que há em si

E hoje nos lembramos
Sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza estava juntando
Você e eu
(2x)


Encontrei tanta beleza nessa canção. Acho que ela retrata nossas tentativas de reencontrar alguém que amamos mas que parece tão distante de nós.
Todos temos dores. Todos temos amores.
Alguns sangram tanto em nós. Outros nos fazem tão humanos. Outros nos afastam para sempre do que pensamos ser o amor.
Assim a vida se deflagra em erros e acertos, em vontade de ser bom, de ser capaz.
Em vontade de trilhar rotas diferentes. Em escapar, por vezes.
Fugir de nós. De reflexos nossos.
É o fingir em nós pro outro que às vezes nos resgata para o que é verdadeiro, partindo do que é idílico somente.
A vida e suas maneiras de nos apontar caminhos, amparando-nos nos erros para que os acertos futuros tenham base.
Não se faz ninho em tempo de tempestade senão os filhotes ficam desabrigados na primeira chuva.
Cuidado com os presságios do tempo antes de fazer o seu ninho ... fique atento ...para depois não chorar a culpa de ter perdido todos os filhotes.
Não há espaço pra inocentes neste mundo. Há espaço pra adultos.