Sunday, June 29, 2008

Paraísos Perdidos.


''Estranho esse modo de ser que sustenta a felicidade na espera e na irrealização, o prazer, em não tê-lo alcançado''. Escrevi isso me despedindo de uma amiga. Era pra ela essa frase. No entanto pensei que não só ela vivia no paraíso perdido de Proust, existe muita gente que tem como filosofia essa premissa. São os que vivem na irrealidade, tem a fantasia como suporte. Não passam ao ato. Não ousam ir além dela. Não trazem pra si a crueza do que é vivido no real. Não querem as deformações. Rejeitam as marcas. Não suportam cicatrizes. Não sabem lidar com o que é vazio e sem beleza.
Portanto, desistem, preferem o peso do que jaz imanifesto. Do que gesta sem perspectivas de vir à luz. Dos abortos ignorados. Dos fetos deformados. Da vida que não fluiu. Do breu que não foi ofuscado.
Não escolher também é uma escolha. É um modo de ser. De estar. De viver. De morrer.
Viver e seus impasses inacabados.
Graças a Deus, nunca estamos prontos.
Graças a Deus, a vida é eterna.

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